segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Nobel de Economia: EU JÁ SABIA!!!

O Nobel de Economia tradicionalmente vai para economistas da linha ortodoxa. Isto estamos carecas de saber. É interessante porém relacionar a história dos ultimos nobels com o que vêm acontecendo no mundo em termos econômicos.


Entre 2003 a 2007, época de crescimento econômico acentuado, todos os prêmios foram para pesquisadores essencialmente neoclássicos, ou seja, pessoas que desenvolvem pesquisas defendendo a primazia do mercado sobre a ação do Estado (a lista inteira pode ser vista aqui). Dois prêmios (2004 e 2006) para economistas adeptos da teoria Novo Clássica, que prega a inexistência da macroeconomia como área independente, acreditando que tudo pode ser entendido pelos microfundamentos, ou seja, por uma idealização do comportamento individual em que todos tentariam maximizar seu bem-estar sem pensar em nenhuma consequência que ele teria sobre os outros e que, possuindo as informações corretas, as pessoas na média sempre acertariam em suas decisões egoístas. Esta teoria prega a total ineficiência da ação do Estado em melhorar a situação de sua população. Para eles, a única coisa que o Estado pode fazer para ajudar é não atrapalhar (isto é, cobrar o mínimo de impostos e atuar no mínimo de áreas possíveis). O resultado da aplicação irresponsável destas teorias pelas autoridades nos levou a crise de 2008.

Em 2008, ano de crise em que se dizia que "agora somos todos keynesianos" e que Obama se elegia com a promessa de aumentar a regulação do mercado financeiro, o premiado foi Paul Krugman. Apesar de estar longe de ser um heterodoxo em termos de teoria econômica (até porque se fosse, jamais ganharia o Nobel), estando alinhado com a chamada teoria Novo Keynesiana, Krugman tem uma visão menos "mercadista", entendendo que o mercado têm muitas falhas, sendo necessária a ação do Estado para regula-lo. Em 2009, o discurso intervencionista começava a enfraquecer, mais ainda existia esperança de que ele fosse aplicado, inclusive com a investigação do Congresso americano sobre a responsabilidade dos agentes do mercado financeiro na crise (e que acabou dando em nada). Neste ano, o prêmio foi dado Williamson e Ostrom, que apesar de não terem o mesmo viés crítico de Krugman, tampouco podem ser incluídos entre os Novos Clássicos.

Porém, como pudemos acompanhar nos ultimos anos, o discurso Keynesiano foi abortado, o foco voltou-se novamente para os alvos tradicionais da teoria Novo Clássica, ou seja, a recuperação da credibilidade nas economias em crise através de medidas de austeridade fiscal que teoricamente mostrariam que o governo está agindo corretamente para reduzir suas dívidas e atraíria investimentos que tirariam o país da crise. Os resultados podem ser vistos na situação da Grécia, como já discuti neste post. Podemos ver o resultado da falência do discurso intervencionista e a retomada das políticas ultra-liberais também no prêmio Nobel, com a vitória de Sargent esse ano, teórico eminente da vertente Novo Clássica. Para aqueles que em 2008 declararam a morte do neoliberalismo, um banho de agua fria.

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